sábado, 7 de agosto de 2010
Meu avô
Meu avô, caboclo do sertão, nunca havia freqüentado a escola e não queria que suas filhas estudassem. Mulher tinha era que trabalhar no roçado. Ir à escola só servia para aprender a escrever cartas para os namorados. Ele trabalhava “de meia” nas terras do seu Mané Joaquim, uma pessoa de muito bom coração. Seu Mané era o dono daquelas terras e de parte do Rio Potengi; a ele pertencia o único armazém da redondeza, e era senhorio da casa em que moravam meus avós. Foi muita sorte encontrarem guarida e trabalho naquele lugarejo. Haviam deixado as terras e a casa em que viviam no sertão de Serra Caiada para fugir da seca. A prestação de contas com Seu Mané Joaquim era feita de seis em seis meses, quando terminavam a colheita. Depois de pagar a conta do armazém e o aluguel com parte do que lhe cabia na meação da safra, não sobrava muita coisa para a venda na feira. E o que vendia, quase sempre, gastava tudo na cidade com jogos e bebidas. Sempre que meu avô viajava minha mãe ia à escola às escondidas. Foi assim que aprendeu o abecedário e a assinar o próprio nome.
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